Bloomberg Línea — A mexicana Jeeves, startup de gestão de despesas para empresas, chegou oficialmente ao Brasil para oferecer empréstimos flexíveis para startups e pequenas e médias empresas (PMEs) sem acesso a recursos, em um ambiente em que investidores de capital de risco estão cada vez mais retraídos.
Em março, a Jeeves captou sua rodada Série C com a gigante chinesa Tencent, com a qual se tornou um unicórnio com um valuation de US$ 2,1 bilhões. O capital permitiu adicionar o Brasil à lista de países onde a startup está presente, que conta com México, Colômbia, Chile, Peru e Canadá.
A intenção da Jeeves é permitir que as PMEs com faturamento acima de R$ 1,2 milhão por ano financiem seus próprios negócios.
No evento FinnoSummit realizado no México nesta semana, Brian Siu, gerente da Jeeves na América Latina, mencionou em entrevista que a empresa está tentando preencher a lacuna deixada por fundos de capital de risco, principalmente em um momento em que o mercado tenta preservar caixa e reduzir consideravelmente os custos.
Neste ano, a startup não captará via equity, mas com uma rodada de dívida no próximo trimestre para continuar crescendo.
“Captar via dívida significa que podemos expandir a colocação de produtos de crédito. A linha atual é de US$ 100 milhões e a nova será significativamente maior”, disse.
No Brasil, a Jeeves pretende lançar um cartão de crédito.
‘Winter is coming’
Siu afirma que os mercados são cíclicos e que, após dez anos de crescimento, a queda está chegando. “Estamos no estágio inicial deste ciclo.”
Questionado sobre como a onda de demissões afetou seu negócio principal, que são cartões corporativos, Siu disse que ainda não viu uma queda nos gastos, apesar dos cortes em algumas startups. Siu considera que “realmente haverá uma correção no mercado”.
“Acreditamos que a longo prazo a nível global, o setor de fintech está praticamente numa fase inicial, mas a curto prazo o mercado por vezes tem de se corrigir e acredito que, infelizmente, alguns players que não conseguirem provar o seu modelo de negócio podem acabar saindo do mercado”, acrescentou.
Siu disse ainda que, para atravessar esta crise, a Jeeves estendeu linhas de crédito para startups, para que possam garantir a operação por seis até 18 meses.
“Na Jeeves, vemos a importância de criar uma empresa sustentável desde o início e não apenas pensando que sempre vou levantar dinheiro com capital de risco”, disse. “Agora o plano é focar no negócio que estamos construindo, em manter um crescimento saudável na situação atual do mercado e melhorar cada vez mais as margens operacionais e líquidas.”
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