Próxima pandemia terá decisões sobre vacinas em até 100 dias, prevê a Casa Branca

Governo Biden prepara estratégia com gastos de US$ 88 bilhões em cinco anos e prioriza resposta mais rápida dos EUA do que houve com a covid-19

Vacunas
Por Bloomberg News
18 de junio, 2022 | 12:03 PM

Bloomberg — O governo de Joe Biden prepara uma nova estratégia de defesa contra pandemias e outras ameaças biológicas que aplica as lições aprendidas com a covid-19 e coloca a Casa Branca no centro de qualquer responsabilidade futura.

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Pesquisas sugerem que há chances de 50% de outra pandemia semelhante à da covid - ou ainda mais mortal - nos próximos 25 anos, de acordo com um alto funcionário do governo que falou sob condição de anonimato, já que a estratégia ainda não é pública.

O plano do governo americano é resultado de mais de um ano de trabalho de especialistas em segurança nacional e saúde pública para melhorar a estrutura do país para preparação, resposta e recuperação de uma possível futura pandemia.

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É esperado ainda para este mês que o governo divulgue a chamada “National Biodefense Strategy”, ou Estratégia Nacional de Biodefesa em tradução livre, que delineará a abordagem para enfrentar ameaças biológicas a humanos, animais, ambientes e culturas, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.

O plano, que conta com US$ 88,2 bilhões em financiamento requeridos pelo presidente democrata, mudaria a forma como o governo lida com pandemias e descreve mais claramente responsabilidades, metas e prazos – uma tentativa clara de evitar as confusões e as brigas internas que atormentaram a resposta à última pandemia nos EUA.

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Mas pessoas familiarizadas com a nova estratégia temem que o documento extenso e cheio de jargões não fortaleça a biodefesa americana, a menos que o governo invista dezenas de bilhões de dólares para apoiar suas ideias.

A nova Estratégia Nacional de Biodefesa tem como base o Plano Americano de Preparação para Pandemias, de Biden. No pedido de Orçamento para 2023 constam US$ 88,2 bilhões em financiamento obrigatório para fins de biodefesa, valor que, se aprovado pelo Congresso, seria disponibilizado ao longo dos próximos cinco anos. As ideias comunicadas nesses documentos serão a espinha dorsal do próximo relatório.

De Bill Clinton a Joe Biden, os cinco presidentes mais recentes dos EUA avaliaram como se preparar para crises de saúde causadas por doenças infecciosas e guerra biológica.

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O interesse aumentou durante o governo de George W. Bush, quando os ataques do 11 de Setembro foram seguidos por ataques com carbúnculo, o antraz, por meio do envio de envelopes contaminados pelo correio para figuras públicas, levando o governo americano a prestar atenção a ameaças potenciais como essa e investir em esforços de saúde pública.

As últimas duas décadas estimularam procedimentos a serem tomados na sequência de um patógeno mortal: investir em vacinas e tratamentos, desenvolver testes, construir ferramentas para detectar e prever sua disseminação e implantar o uso de equipamentos de proteção individual. No entanto, quando o coronavírus chegou, o governo dos EUA estava despreparado e teve uma resposta muito lenta, segundo diferentes especialistas.

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Um dos principais problemas que o novo relatório tenta resolver é a falta de uma liderança clara no assunto, algo que dificultou uma resposta rápida logo nos primeiros dias da pandemia.

Decisões sobre vacinas em até 100 dias

O plano do governo Biden é baseado na primeira edição da Estratégia Nacional de Biodefesa, lançada ainda pelo governo de Donald Trump em setembro de 2018. O documento estabelece objetivos como aumentar a conscientização sobre as ameaças biológicas, prevenir surtos e estabelecer planos para mudanças sociais e econômicas para a recuperação após um incidente. Mas os envolvidos no desenvolvimento da estratégia sugerem que faltou “musculatura”.

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Tal perspectiva foi afirmada também pelo Government Accountability Office, que revisou a estratégia do governo Trump no início de 2020 e descobriu que não havia “responsabilidades ou processos claros para a tomada de decisões conjuntas” e que “os funcionários da agência também não tinham certeza de como as decisões seriam tomadas”.

Agora, a estratégia quer definir a necessidade de desenvolver novos medicamentos, vacinas e testes dentro de 100 dias após a identificação de qualquer nova ameaça e coloca a Casa Branca como encarregada de coordenar os esforços também com parceiros internacionais.

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Os primeiros relatos sobre a covid-19 apareceram ainda em novembro de 2019, mas a decisão sobre a produção de vacinas só foi tomada meses mais tarde. A primeira pessoa a ser vacinada nos EUA tomou a dose mais de um ano depois, em dezembro de 2020.

Antes, o governo Trump havia criado um mecanismo dentro do Departamento de Saúde e Serviços Humanos para liderar a resposta.

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Pessoas familiarizadas com a estratégia sugeriram que o plano de Biden ainda não é específico o suficiente sobre quais agências e unidades seriam responsáveis por determinadas tarefas. Há também o temor que o governo Biden não receba o orçamento necessário para manter as metas em dia.

‘Pânico e Negligência’

“Um dos maiores problemas é o ciclo de pânico e negligência”, disse Eric Toner, estudioso sênior do Johns Hopkins Center for Health Security, que forneceu recomendações para as estratégias de biodefesa tanto de Trump quanto de Biden. “Temos uma crise, todo mundo joga muito dinheiro nela, mas, assim que a crise acaba, as pessoas se voltam para outros problemas.”

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A Casa Branca já enfrentou obstáculos para garantir o financiamento para garantir a preparação para pandemias. Por enquanto, o Congresso ainda não aprovou novos financiamentos. Proteger os EUA contra outra ameaça biológica exige uma “resposta de todo o governo”, disse Mathew Hepburn, líder da Força-Tarefa de Inovação Pandêmica da Office of Science and Technology Policy (OSTP).

“É doloroso ler o que tínhamos em 2012″, disse Hepburn, lembrando a Estratégia Nacional de Biovigilância que ele ajudou a desenvolver após a pandemia de gripe suína H1N1 de 2009. “Sinto uma sensação de coisas inacabadas. Sabíamos disso e gostaria que tivéssemos feito mais para nos preparar para a covid”, disse.

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– Esta notícia foi traduzida por Melina Flynn, Content Producer da Bloomberg Línea.

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